UESC abre seu acervo de répteis e anfíbios para a comunidade cientifica
Um Atlas de cobras brasileiras, com mapas de localização pontual, foi publicado pela Sociedade Brasileira de Herpetologia,em 17 de janeiro deste ano, no South American Journal of Herpetology. A publicação está no site https://bioone.org/journals/South-American-Journal-of-Herpetology, da editora BioOne Complete, um banco de dados aberto às ciências biológicas, ecológicas e ambientais que fornece às bibliotecas acesso a pesquisas de alta qualidade com curadoria e editores independentes.
A inclusão das espécies registradas no Sul da Bahia ocorreu graças ao trabalho do professor/Dr. Antônio Jorge Suzart Argôlo, do Departamento de Ciências Biológicas (DCB) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Ele é o segundo autor do trabalho de pesquisa.
A publicação apresenta mapas precisos e detalhados de distribuição de espécies, que são instrumentos fundamentais, para documentar e interpretar a diversidade biológica. Os autores destacam que no caso das cobras, um grupo ecologicamente diversificado de répteis, permanecem escassos os dados e sínteses sobre padrões de distribuição.
Essa é a primeira coleção abrangente de mapas detalhados, baseados em dados comprovados, como a localidade de pontos e de intervalo para todas as cobras brasileiras descritas e documentadas, com o principal objetivo de mitigar o déficit Wallaceano (incertezas sobre onde as espécies ocorrem. Alfred R. Wallace é considerado pai da zoogeografia) e como uma contribuição para uma melhor compreensão desta rica e ameaçada fauna, diversa e pouco estudada.
Estão registradas 412 espécies de cobras no Brasil com base em uma localidade pontual extensa e verificada em banco de dados de 163.498 entradas e 75.681 registros exclusivos disponíveis no Atlas.
“Nossos resultados revelam anteriormente, padrões não documentados de distribuição, esforço de amostragem, riqueza e níveis de endemismo, resultando em uma visão mais objetiva da diversidade de cobras nos neotrópicos. Além dessas realizações, entendemos que a contribuição mais relevante e duradoura do Atlas é estimular os pesquisadores a publicar correções, acréscimos e novas descobertas,” detalha o professor Argôlo.
A Coleção da UESC
O professor Antônio Argôlo é curador do maior acervo herpetológico de caráter regional abrigado numa instituição da região Nordeste do país, mais precisamente no DCB da UESC. O acervo foi incialmente formado na Ceplac, onde Argôlo trabalhou por mais de 20 anos. Posteriormente, a Ceplac doou o acervo para a UESC, compondo, com aquele formado na própria UESC, a atual coleção herpetológica da instituição. São mais de 20 mil exemplares de serpentes, além de cerca de dez mil exemplares de outros répteis, além de anfíbios (sapos, rãs e pererecas).
“O acervo da UESC compõe a maior coleção regional de serpentes em todo o Nordeste brasileiro e uma das maiores em todo o país. São diversas espécies de serpentes, dentre elas a surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta), o maior viperídeo do mundo; a ouricana (Bothrops bilineatus), uma jararaca arborícola de cor verde, e a jaracuçu-tapete (Bothrops pirajaií), uma jararaca endêmica do sul da Bahia e ameaçada de extinção, dentre várias outras”, informa Antônio Argôlo.
“O nosso acervo é o principal testemunho da fauna de anfíbios e répteis que vivem em uma das mais importantes regiões da Mata Atlântica sob o aspecto biológico. Essa coleção está acessível à comunidade científica para consulta in loco e, agora, através dos endereços: https://bioone.org/journals/South-American-Journal-of-Herpetology e http://www.uesc.br/colecoes_cientificas/index.php?item=conteudo_colecoes_cientificas.php, “. conclui o professor Argolo.”